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Em meio à maior metrópole do país, a chef acreana Amanda Vasconcelos construiu uma história de sucesso com dois empreendimentos que remetem à sua terra natal

"O Acre não é só Rio Branco, não é só Cruzeiro do Sul. Tem as comunidades indígenas com as suas tradições. E eu tento trazer tudo isso", diz Amanda sobre a variedade culinária em seus estabelecimentos.

Quando se mudou para São Paulo, a chef e empresária acreana Amanda Vasconcelos levou com ela a paixão pela cultura e gastronomia de seu estado de origem, que resultou na abertura de seu restaurante, Casa Tucupi.

Após o sucesso do estabelecimento, Amanda realizou o sonho de abrir seu próprio bar. Assim, foi lançado o Sobrado Tucupi, também temático e inspirado na estética, cores e sabores do estado do Acre.

Em entrevista ao podcast O Café e a Conta, a chef contou suas experiências liderando os empreendimentos em uma área fora de sua zona de conforto, falou sobre a receptividade no local e também sobre os principais desafios em relação às diferenças entre a gestão do bar e do restaurante. Confira:

Quais são os elementos que tornam o restaurante um pedacinho do Acre em São Paulo?

Eu quis trazer referências da etnia Ashaninka (povo indígena estabelecido no estado do Acre, na Bolívia e no Peru), de cores, e quis ter a frase “o Acre existe”, para puxar a curiosidade sobre essa brincadeira do Acre não existir.

Na Casa Tucupi, temos mais referências indígenas. E no Sobrado Tucupi, eu quis fazer referência à Gameleira, que é um calçadão, um aquário, casinhas antigas, coloridas.

Qual é o público que vai ao Sobrado Tucupi e também à Casa Tucupi? São pessoas do norte do país que vivem em São Paulo, turistas ou paulistanos interessados em conhecer mais da culinária amazônica?

É um público bem diverso. Tem dias que eu abro e só tem nortista. É engraçado. Outros dias são vários paulistanos, mas é muito dividido. Eu vejo muita gente que está indo matar a saudade e muita gente também com curiosidade. Isso na Casa Tucupi.

O Sobrado Tucupi está no Bixiga, que é um bairro super boêmio. As pessoas dali são super bairristas, saem só naquela região. Aos finais de semana, o público da Casa Tucupi aproveita para conhecer o bar.

A distância entre o Acre e São Paulo é muito grande. Para quem fica muito tempo sem voltar ao estado, o Sobrado Tucupi e a Casa Tucupi acabam se tornando um pedacinho dele. Como é a recepção por parte dos acreanos, de se reconhecerem, e também pelo público do Bixiga?

O nortista, quando chega, já fica feliz, porque se sente acolhido. A Casa Tucupi e o Sobrado Tucupi são os dois únicos espaços de culinária acreana aqui em São Paulo.

Do público de fora, no começo eu tinha mais medo. Me preocupava com o que iam achar ao comer um tacacá, um peixe de rio. Mas é bem legal. Nós temos receitas com formiga, e as pessoas ficam super animadas para provar pela primeira vez.

Você começou com o Casa Tucupi e depois de quatro anos decidiu empreender em um bar. Como foi perceber essa lacuna no mercado e transformá-la em oportunidade? E quais foram os aprendizados ao lidar com as diferenças, tanto na culinária quanto na gestão, entre os dois formatos de negócio?

Todo dia, empreender é ter um novo desafio, um novo aprendizado. Nunca paramos de aprender. Eu sempre gostei de bar, mas a decisão de abrir o Sobrado Tucupi foi meio de repente. Me apaixonei pelo espaço em um dia e no outro já estava fechando o contrato e abrindo um bar, sem nenhum planejamento. Eu só pensei “vou fazer e vai acontecer”.

Nos primeiros meses do bar, ele só abria no dia que me dava vontade. Então era só eu na cozinha, sem equipe. E agora, faz quase um ano que estamos abrindo nos dias certinhos, com a equipe já está alinhada. Mas foi uma coisa que eu quis fazer com calma e deixando de acontecer.

O modelo de cardápio dos restaurantes é diferente em relação ao dos bares. Como foi esse desafio da adequação para você?

Precisei pensar em quais itens poderiam ser um petisco da Casa Tucupi. Joguei isso para o bairro: coxinhas com sabores amazônicos, bolinhas de pirarucu, coxinha de frango com jambu.

No bar sempre trabalhamos com dois pratos do dia, uma opção vegana e outra tradicional, para ser uma coisa mais enxuta, porque realmente as pessoas vão mais para petiscar e beber. E sai muito mais cerveja e drink, principalmente em dia de samba, e acaba virando uma festa.

Também tem uma logística de quantas pessoas você precisa para atender no bar. No restaurante o número é maior, e no bar é uma coisa muito mais dinâmica e descontraída.

Confira abaixo a entrevista completa com Amanda Vasconcelos para o podcast O Café e a Conta!

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